Um recente estudo realizado pela MySide, empresa especializada em tecnologia e serviços no setor imobiliário, revelou que a Região Metropolitana de Campinas (RMC) abriga seis cidades entre as 21 com as menores taxas de homicídios do Brasil. Valinhos lidera a lista nacional com uma impressionante taxa de 0,9 homicídio a cada 100 mil habitantes, conforme os dados de 2023 disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério da Saúde.
Além de Valinhos, outros municípios da RMC que se destacaram no ranking são Indaiatuba, na 7ª posição, Santa Bárbara d’Oeste (16ª), Americana (18ª), Paulínia (19ª) e Itatiba (21ª). O levantamento focou em cidades com mais de 100 mil habitantes, excluindo 11 dos 20 municípios da RMC devido à população inferior a esse número.
O estudo também revelou que, entre as cidades com mais de 1 milhão de moradores, Campinas ocupou a 4ª posição no Brasil, com uma média de 14,6 homicídios por 100 mil habitantes, embora não tenha sido classificada entre as 30 com as menores taxas. A última colocação do Top 30 foi ocupada por Leme (SP), com 7,0 assassinatos a cada 100 mil habitantes.
Importância da Metodologia
De acordo com o coordenador técnico da pesquisa, Douglas Resmini Balena, “esse indicador é amplamente reconhecido como uma medida sólida e universal de segurança pública.” A metodologia utilizada considera a média de homicídios por 100 mil habitantes, uma prática recomendada por organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Para a elaboração do índice, foram analisados dados de aproximadamente 1,5 milhão de óbitos ocorridos no Brasil em 2023, utilizando o Painel de Monitoramento da Mortalidade da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde.
Valinhos: Uma Realidade Contraditória
Valinhos, com uma população de 126.373 habitantes, registrou apenas um homicídio em 2023, o menor número dos últimos dez anos. A vítima foi Ronaldo Pedro de Araújo, de 59 anos, assassinado a tiros em um ponto de ônibus. Em 2024, o único homicídio até agora ocorreu em 18 de agosto, envolvendo Edson Alexandre da Silva, que foi morto por um amigo durante um encontro em uma propriedade rural.
Apesar dos números baixos, a percepção de segurança na cidade é um tema de debate entre os moradores. Maria Cecília Bampa, engenheira agrônoma, expressou suas preocupações: “Em relação a outras cidades, Valinhos pode até estar melhor, mas já foi uma cidade boa. Agora, há insegurança.” Ela compartilhou experiências de furtos que afetaram sua vida pessoal, destacando a sensação de vulnerabilidade que muitos residentes sentem.
O professor José Armando Valdevino, morador de Valinhos há 50 anos, também criticou a situação atual da segurança: “Isso é resultado de leis muito brandas. Os ladrões roubam e logo depois já estão na rua.” Ele enfatizou a necessidade de uma abordagem mais rigorosa para combater crimes, incluindo furtos simples.
Dados Alarmantes de Outros Crimes
Os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública indicam que, entre janeiro e julho deste ano, ocorreram 141 furtos ou roubos de veículos em Valinhos, com uma média de um a cada 1,5 dia. Além disso, foram registrados 576 furtos ou roubos e 24 estupros, sendo 20 de vulnerável. Para a Polícia Militar, essas estatísticas são essenciais para o mapeamento de áreas críticas e a definição de ações de patrulhamento.
O ranking apresentado pela MySide destaca a RMC como um polo de segurança em relação ao restante do Brasil. Paulínia, embora não esteja entre as cidades com as taxas mais baixas, integra um contexto regional que busca a melhoria da segurança pública. O desafio agora é não apenas manter esses índices, mas também assegurar que a sensação de segurança permeie a vida cotidiana dos cidadãos, reforçando a importância de políticas públicas eficazes e ações integradas entre as forças de segurança.