Os memes envolvendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, surgiram de forma orgânica e espontânea nas redes sociais, ganhando tração até alcançar um outdoor em Nova York. Dados de monitoramento indicam que a sátira “Taxadd” não é fruto de uma ação coordenada, mas sim de uma onda espontânea de críticas.
A Ascensão do “Taxadd”
A expressão “Taxadd” começou a aparecer no início de 2024, conforme dados da plataforma Buzzmonitor. Desde o primeiro dia do ano, usuários do X (antigo Twitter) usaram o apelido para criticar a política fiscal do governo. Entre 1º e 7 de janeiro, houve 339 menções à expressão, que se manteve em níveis baixos até meados de maio, quando atingiu 833 menções.
O apelido ganhou força na semana passada, quando Haddad foi mencionado 895 vezes em um único dia. Esse aumento se deu de forma orgânica, conforme explica Breno Soutto, head de insights do Grupo Elife: “São depoimentos de pessoas claramente alinhadas à direita, mas não de bots ou perfis com investimento de mídia.”
Explosão de Menções
A situação mudou drasticamente na segunda-feira (15), quando Haddad foi chamado de “Taxadd” 3.294 vezes no X. Memes como “Taxando Pobre Adoidado” e “Taxamento às Cegas Brasil” contribuíram para a viralização. Uma possível causa para a insatisfação foi a proximidade da entrada em vigor da “taxa das blusinhas”, que afetará compras internacionais a partir de 1º de agosto.
A publicação de uma nota na coluna Painel, da Folha, onde o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, minimizava o apelido, também serviu como gatilho. Na terça-feira (16), o número de menções subiu para 15.012, um aumento de 355%.
Impacto Internacional
Na terça-feira, o meme saiu do mundo virtual. Um outdoor na Times Square, em Nova York, mostrava Haddad como “Taxa Humana”, uma referência ao personagem Tocha Humana do Quarteto Fantástico. A ação foi realizada por Hugo Montan, um jovem de 19 anos que pagou o equivalente a R$ 255 pelo anúncio.
Montan afirmou que o objetivo era demonstrar insatisfação com a estratégia do governo de equilibrar as contas públicas através da arrecadação. “Minha crítica é ao governo. Haddad acaba ficando de fiador disso”, declarou.
Reações e Análises
Em meio à enxurrada de memes, o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu o ministro. “Se pegarmos a carga tributária de 2022 para 2023, ela não aumentou, até que caiu um pouquinho”, afirmou Alckmin.
O volume de publicações no X começou a diminuir na quarta-feira (17), com 4.908 menções até as 17h. A maioria das publicações eram replicações de piadas já existentes. “Esta característica de replicação rápida, interesse de curta duração e humor definitivamente consolidam ‘Taxadd’ no território dos memes”, disse Soutto.
No WhatsApp, o rosto do ministro apareceu em 80 de cada 100 mil mensagens em grupos públicos na quarta-feira. João Victor Archegas, coordenador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, destacou o impacto imprevisível desses “microatos políticos”. “Quando você vê, está diante de um movimento político que tem potencial de desestabilizar o partido, desestabilizar o governo, desestabilizar a própria imagem do Haddad nesse caso.”
Enquanto o governo tenta lidar com as críticas e o humor da internet, o apelido “Taxadd” parece ter se consolidado como uma marca associada ao ministro da Fazenda. O futuro dirá se esse movimento espontâneo terá impacto duradouro nas políticas fiscais e na imagem pública de Fernando Haddad.



















