Em um discurso recente, o presidente Lula revelou o que muitos já suspeitavam: sua defesa da democracia é, na melhor das hipóteses, seletiva e oportunista. Em vez de condenar as práticas autoritárias do regime de Nicolás Maduro na Venezuela, Lula preferiu minimizar as irregularidades, afirmando que as controvérsias seriam esclarecidas com a apresentação das “atas”, uma alusão que não poderia soar mais irônica. Em um país onde a transparência é inexistente e a fraude eleitoral é norma, esperar clareza de atas é como esperar honestidade dos ex-diretores das Lojas Americanas.
A história de Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT) é marcada por uma constante ambiguidade em relação aos princípios democráticos. Desde a recusa em apoiar a eleição indireta de Tancredo Neves, em 1985, que marcou o fim da ditadura militar, até a relutância em assinar a Constituição de 1988, o PT mostrou repetidas vezes seu desdém por processos democráticos. Essa tendência se manteve ao longo dos anos, com Lula e seu partido frequentemente se alinhando a regimes autocráticos, seja a ditadura cubana, a repressão na Nicarágua ou a autocracia de Putin na Rússia.
Não se trata de pequenos “descuidos” de um líder bem-intencionado, como muitos quiseram acreditar. A admiração de Lula por líderes autoritários e seu apoio tácito a ditaduras revelam uma inclinação autoritária profundamente enraizada. A retórica do partido, centrada no antiamericanismo e no despotismo, denuncia um núcleo ideológico que não se coaduna com os valores democráticos.
É preciso reconhecer que a ilusão criada em torno de Lula como um defensor da democracia não passa de uma narrativa fabricada para conquistar o poder. A recente declaração sobre a Venezuela é apenas mais uma máscara que cai, revelando um líder mais próximo de autocratas do que de verdadeiros democratas. É hora de a sociedade brasileira se questionar: estamos realmente dispostos a aceitar uma liderança que flerta tão abertamente com regimes opressores e antidemocráticos? A defesa da democracia deve ser intransigente e universal, não seletiva e conveniente.