Dólar dispara e se aproxima de R$ 6,10 após pacote fiscal do governo

O dólar voltou a disparar nesta sexta-feira (29), alcançando a máxima de R$ 6,115, refletindo a reação negativa do mercado ao pacote de ajuste fiscal do governo e à elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000. Às 11h12, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 6,084, uma alta de 1,57% em relação ao fechamento anterior, que já havia registrado um recorde nominal de R$ 5,990.

O pacote fiscal, que visa economizar R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026, inclui a limitação do ganho real do salário mínimo e a ampliação da faixa de isenção do IR. No entanto, o mercado reagiu mal à ausência de medidas de maior impacto e à inclusão de uma isenção para salários de até R$ 5.000, criando um clima de incerteza quanto ao futuro das contas públicas. A bolsa também sentiu o efeito, caindo 0,32%, para 124.204 pontos.

O aumento da faixa de isenção do IR deverá impactar a arrecadação federal em cerca de R$ 35 bilhões, conforme estimações do Ministério da Fazenda. Para compensar, o governo propõe a “taxação dos super-ricos”, com uma alíquota de 10% para rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais. Apesar da justificativa de assegurar a justiça tributária, muitos analistas do mercado financeiro permanecem céticos sobre o impacto positivo dessas medidas no equilíbrio fiscal.

O consultor econômico André Galhardo apontou que, embora o governo tenha apresentado um pacote de medidas, o mercado está em um momento de desconfiança. “O governo precisa demonstrar que seu plano é viável, e por isso devemos esperar um período de volatilidade nos próximos dias e meses”, afirmou. Galhardo também destacou que a implementação efetiva das medidas é crucial para consolidar a confiança dos investidores.

Enquanto isso, os juros futuros também estão em alta, com previsões da taxa Selic superando os 14%. Os contratos para janeiro de 2028 e 2029 chegaram a ser temporariamente suspensos para controlar a volatilidade, antes de retomar a alta. A perspectiva de juros elevados reflete as incertezas sobre a sustentabilidade das contas públicas e a preocupação com a responsabilidade fiscal do governo.

A instabilidade econômica atual pode impactar negativamente o ambiente de investimentos no país. Sem uma clara trajetória de contenção de gastos, o risco é que investidores optem por ativos mais seguros, como o dólar, ampliando ainda mais a volatilidade do mercado financeiro brasileiro.

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31 outubro
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