O dólar atingiu R$ 6,19 nesta terça-feira (17), mesmo após o Banco Central (BC) realizar um leilão extraordinário de US$ 1,272 bilhão no mercado de câmbio. A medida faz parte de uma série de intervenções recentes do BC para conter a disparada da moeda norte-americana, mas os efeitos têm sido limitados.
A moeda americana valorizou 1,64% na máxima do dia, consolidando a posição do real como a divisa mais desvalorizada entre os países emergentes. O avanço ocorre em meio à avaliação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que sinaliza novas elevações da taxa Selic no início de 2025. O cenário de juros mais altos reflete a preocupação com a inflação e os riscos fiscais do país.
Analistas do mercado afirmam que as intervenções do Banco Central têm efeito temporário. Segundo Rodrigo Miotto, especialista em câmbio, “os leilões ajudam a reduzir a volatilidade no curto prazo, mas não resolvem problemas estruturais da economia brasileira”. A falta de um plano fiscal robusto e a desconfiança na condução econômica pelo governo são apontadas como principais fatores para a alta persistente do dólar.
A Bolsa de Valores, por outro lado, registrou leve alta de 0,19%, alcançando 123.806 pontos às 12h02. No mercado de juros futuros, houve um aumento expressivo nas taxas, com contratos para 2027 subindo de 15,33% para 15,69%, refletindo a cautela dos investidores.
No cenário internacional, as atenções se voltam para o Federal Reserve (Fed), que divulgará nesta quarta-feira (18) sua decisão sobre os juros nos Estados Unidos. A expectativa é de um corte de 0,25 ponto percentual, o que pode impactar ainda mais o câmbio global.
Especialistas alertam que, sem uma agenda econômica sólida e confiável, a pressão sobre o real deve continuar. Apesar das reservas cambiais consideradas adequadas, o uso constante para conter o dólar pode ter efeito apenas temporário e artificial.
