“Deus existe no cérebro”, afirma neuropsicólogo em parceria inovadora com instituições brasileiras

Jordan Grafman, neuropsicólogo e pesquisador da Northwestern University, acaba de anunciar uma parceria inovadora com a Ciência Pioneira, uma instituição do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), para a criação de um centro virtual de pesquisas em “neurociência das crenças”. Este centro, que também envolve o King’s College London e o Shirley Ryan AbilityLab, reunirá pesquisadores brasileiros e estrangeiros para estudar as bases cerebrais das crenças religiosas e seu papel na cognição humana.

Em entrevista ao jornal O Globo, Grafman não hesitou ao declarar: “Deus existe. Tenho confiança de que Deus existe no cérebro”. A afirmação do neuropsicólogo reflete sua visão de que a fé e as crenças religiosas fazem parte da organização mental humana, sendo representadas e processadas no cérebro assim como outras experiências, como emoções e sonhos. Segundo ele, a ideia de Deus está presente mesmo nos ateus, pois, uma vez expostos ao conceito, “não podem escapar dessa representação cerebral”.

Para Grafman, estudar a religião e a fé no cérebro é essencial para entender como essas crenças influenciam o comportamento, a saúde mental e as interações sociais. Ele ressalta que “crenças ajudam a organizar sociedades e podem ser um fator de redução de ansiedade”, o que faz com que nosso cérebro veja vantagem em ter algum sistema de crenças. A nova parceria com o IDOR visa preencher lacunas existentes na neurociência sobre a espiritualidade, explorando como o cérebro processa e permite os comportamentos religiosos e até que ponto a fé pode influenciar outros aspectos das nossas vidas, como crenças políticas e sociais.

O centro de pesquisa virtual, que estará sediado no Rio de Janeiro, tem como objetivo mapear as redes cerebrais relacionadas à fé e explorar como elas se conectam a outras áreas, como a política. Grafman também ressalta que o preconceito social e acadêmico em relação a estudos sobre espiritualidade é um dos maiores desafios que essa área enfrenta, já que muitos cientistas evitam investigar o tema com medo de represálias ou de serem vistos como “não-científicos”. O neuropsicólogo acredita que chegou a hora de romper com esses preconceitos e colocar a espiritualidade em pauta, considerando sua importância na vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo.

Com uma perspectiva ampla, que vai além das crenças religiosas, o novo centro de pesquisa espera ajudar a desvendar como diferentes crenças – sejam elas religiosas, políticas ou sociais – impactam nossa identidade, nossos comportamentos e até mesmo nossa saúde mental. A parceria internacional visa avançar em uma área que, apesar de controversa, é fundamental para compreender a humanidade em toda sua complexidade.

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31 outubro
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